Sermos herdeiros de um legado tão extraordinário como aquele que nos deixou o nosso Patrono não significa apenas que nos abriu o caminho para aquilo que temos e para aquilo que somos hoje, mas significa sobretudo que temos a responsabilidade de abrir o nosso próprio caminho, lutando pelos nossos sonhos. O maior legado de um homem como o Padre José Augusto da Fonseca não consiste nos sonhos que concretizou, mas no exemplo que nos deixa de nunca deixarmos de sonhar. Concretizar os nossos sonhos é aquilo que nos realiza enquanto pessoas, dar vida aos nossos sonhos é aquilo que nos dá vida a nós.
O Padre José Augusto da Fonseca mostrou-nos o poder dos sonhos. Deu-lhes nome e forma, como aconteceu, entre outros, com o projeto Auto-Construção, que permitiu a muitos aguiarenses construírem o seu lar; com o jornal Defesa da Aldeia, voz de informação e de defesa dos interesses do concelho; com o Lar da 3.ª Idade e com o Colégio. O senhor Padre José Augusto da Fonseca sabia que a educação pode mudar o mundo e valorizava a cultura, que entendia não dever ser um privilégio de alguns, mas um direito de todos. Costumava dizer «Se um dia tiver fogo em casa, a primeira coisa que eu quero que me salvem são os meus livros.» Ao lutar pelos seus sonhos, lutou também por uma vida melhor para a sua terra e para as suas gentes. Quando morreu, em 22 de janeiro de 1993, tinha no bolso o crucifixo e um papelinho que dizia «Lutar para viver».
Que este seja também o nosso lema. Sem entrar em guerras, mas sem deixar de lutar. Muitas vezes perdendo, mas sem nos deixarmos derrotar.
Lutamos com entrega, mas sem rendição. É isso que fazemos todos os dias. Lutamos por uma vida melhor, pelas nossas crianças e pelos nossos jovens, pelos nossos filhos. Lutemos sempre. Sonhemos sempre. Para que o futuro não seja apenas um sonho, mas uma realidade. Uma realidade que somos chamados a construir, todos juntos, inspirados no exemplo do Padre José Augusto da Fonseca, porque, como diz o poeta, o «sonho comanda a vida» e porque «sempre que o homem sonha o mundo pula e avança como bola colorida entre as mãos duma criança».